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2/08 - Arquitetura Brutalista é debatida por especialistas no TCM-SP

Em mais um evento comemorativo pelos seus 50 anos de criação, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) reuniu, em 2 de agosto, arquitetos especialistas para debaterem o tema: “O edifício do TCM no contexto da Arquitetura Brutalista”. Foi apresentado um vídeo de abertura no qual se contou a história do edifício-sede da Corte de Contas paulistana, um dos principais ícones da Arquitetura Brutalista da capital (clique aqui para assistir). Discutiu-se a inserção do projeto e edificação do prédio e de outros marcos arquitetônicos dessa tendência na paisagem urbana paulistana e em outras cidades brasileiras.

O mediador José Berti Kirsten, arquiteto e servidor do Tribunal, falou da preservação do prédio em suas recentes reformas. “Conseguimos adaptar o edifício às normas de incêndio e para a acessibilidade sem alterara estrutura”, disse. Roberto Aflalo Filho, sócio-diretor da Aflalo Gasperini, escritório responsável pelo projeto do edifício-sede do TCM, contou sobre como foi o processo de criação da sede com pranchas originais e fotos da maquete e antigas. “O programa foi todo desenvolvido em volta do plenário”, esclareceu.

Eneida de Almeida, doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo e professora da Graduação e da Pós-Graduação da Universidade São Judas, apresentou uma aula da história da origem da manifestação arquitetônica desde sua gênese europeia até a paulista com suas peculiaridades. “As obras se caracterizam principalmente por mostrar a nudez da expressão construtiva”, explicou. “Utiliza-se o concreto armado, deixando-o aparente e rústico, ressaltando o desenho impresso pelas formas.” Além do TCM-SP, a docente deu como exemplo paulistano o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), de Lina Bo Bardi, e a Faculdade de Arquitetura da USP, de João Vilanova Artigas.

Ficou a cargo de Ruy Eduardo Debs Franco, professor do curso de Arquitetura da Universidade do Instituto de Teologia Aplicada (Uninta), em Sobral (CE), dissecar, com muito bom humor, algumas obras brutalistas na cidade de Santos, como a Escola Municipal de Comércio, na qual estudou, e o Centro Cultural e Desportivo do SESC. “Este é um projeto que, além de bonito, é um modelo dessa arquitetura em Santos”, disse. “O prédio mudou a paisagem e a vida na região da cidade com sua população passeando e usufruindo do espaço.”

O presidente do TCM-SP, João Antonio, falou da importância do evento para engrandecer a instituição e aproximá-la da sociedade. “Completamos em novembro 50 anos de uma história riquíssima e importante no zelo pelo dinheiro público”, afirmou.  “Não poderíamos deixar a história de nosso edifício-sede de lado. Ele dialoga com o sistema arquitetônico paulistano brutalista.”

O evento contou com um auditório cheio, no qual havia diversos estudantes de Arquitetura, e serviu não só para analisar e instruir sobre o edifício-sede do TCM e toda a marcante tendência brutalista em São Paulo, mas para compreender a história urbana da cidade. Como escreveu o célebre escritor francês, Victor Hugo: “a arquitetura foi o grande livro da humanidade, a principal expressão do homem em seus diversos estágios de desenvolvimento, tanto no plano da força quanto no da inteligência”.